Tinha
uma enorme vontade! Queria agarrar o momento… Carpe Diem!
Conseguia
ouvir, ténue o som. Chegava difuso. Mas era o que mais queria: sair a correr e
subir naquele carro, que lhe abria o caminho...
“Quero
ir! Se conseguir, será tarde de mais para que me impeçam! Já lá estarei… Só
tenho que descer…”
Em
baixo, a suave neve convidava ao salto… não iria correr mal! Não podia! Seria
perfeito…
Sapatos?
Não teria sapatos, para correr sobre a neve…
Casaco?
Não teria casaco para afugentar o frio…
Nada!
Apenas o vestido!
Mas
ali fora, aquele som… aquilo era tudo! O fim… o princípio… o acordar… o
regresso…
Aquele
era o dia! Não lhe podia ser negado…
Ouviu
as vozes do outro lado da porta. Sabia que a chamariam daí a pouco, para
cumprir… e se fosse, jamais mudaria o seu destino!
Prendeu
as saias na cintura, deixando as pernas descoradas a nu. Sentia o frio ainda
mais cortante. Subiu para o parapeito da janela. Olhou para o chão em baixo,
separado por dois andares. “Vou conseguir!”
Saltou! Sentiu o vento a
deslocar-lhe a saia, como se esta a mantivesse a flutuar, suavemente, até ao
chão. O frio abraçou-a! Os pés gelaram ao tocar no chão, mas precisou apenas de
alguns segundos para se recompor. E correu… Correu tão depressa que o que ficava
para trás, já lá não estava. O som era cada vez mais preciso…
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